CODEPAC – penca de desastres

CODEPAC – penca de desastres

Faz longo e amargo tempo que, em Piracicaba, no Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural (Codepac), o que era útil e lúcido acabou. Agora fica melhor o nome de “Conselho de Defesa de Parceiros e Compadrio”. Se assim não fosse, por que faria o que faz? – ou melhor, desfaz, desprotege, entrega, escreve e assina que “tudo bem destruir”, cortar, derrubar, anistiar devedores particulares, estes de fé e conduta duvidosa e questionável, como ocorreu com os atuais proprietários da antiga fábrica Boyes. O Conselho generosamente distribui avais anticultura, antipatrimônio; enfim, antiPiracicaba. O órgão oficial tornou-se digno da lápide e, ao contrário de Lázaro, não ressuscitou ao terceiro dia, nem ao terceiro mês ou ano. Permanece insepulto e o odor é ruim. Quem tiver olfato sentirá.

Através de manobras pusilânimes mas malfadadamente eficazes, conseguiu a tortuosa exoneração do conselheiro Pablo Carajol Delvage, representante da Câmara de Vereadores na composição do Codepac. E por quê? Porque este conselheiro sempre votou a favor da cidade, da conservação de seu patrimônio cultural e ambiental. Vota e luta. Ousadia! Absurdo, não? membro do Codepac que protege a cidade. Como se atreve?! Vamos pô-lo fora.

A situação nos remete também a outro fato. Um dos expedientes usados foi escreverem ao Ministério Público Estadual, “falando mal do conselheiro” o qual, não só se opôs ao CODEPAC já desvirtuado, como expôs publicamente as más condutas. Aí veio a estranha novidade, pois o documento seguiu anônimo; ou seja, apócrifo. E o Ministério Público aceitou. Em meus anos de militância e incontáveis denúncias ao MP Cível, jamais vi serem lá aceitas representações não assinadas.

O conselheiro Pablo divulgara posturas ou informações sigilosas internas, dizia-se. Como é que é? Sigilosas, secretas, escondidas da população? Poderiam no máximo considerá-lo “indiscreto”, mas o MP não julga discrição ou falta desta. Deve ater-se à legislação. Onde está escrito que as sessões do Codepac são confidenciais? É um Conselho Municipal, não algo oficialmente subterrâneo ou sub-reptício. Não existe contrato de confidencialidade de conselheiros em relação a reuniões e decisões. Então, não deu para entender o MP Estadual entrar nessa fofoca, exigindo explicações do agora ex-conselheiro Pablo Carajol Delvage. E deu prazo para resposta! Agora o cidadão Pablo, membro do mandato coletivo na Câmara, está em maus lençóis porque, como diz o jornalista Alex Solnik, não há nada mais difícil e complicado do que se defender de algo que, na verdade, não existe e nunca existiu.

 


Eloah Margoni – ecologista.

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