Em noite que deve entrar para a história da Universidade Metodista de Piracicaba, assembleia de professores e de funcionários deflagra greve por 48 horas – podendo ser estendida por tempo indeterminado.
Marcada por inúmeras lutas e árduas conquistas travadas ao longo de sua existência, a Universidade Metodista de Piracicaba, Unimep, assistiu na noite dessa segunda-feira, dia 7, mais um episódio que deve entrar para a história da instituição. Reunidas no Teatro Unimep, mais de 800 pessoas – entre professores, alunos e funcionários – debateram e deliberaram acerca dos problemas que vêm atingindo a universidade nos últimos anos, e que se acentuaram agressivamente no início deste semestre.
Professores e funcionários, apoiados pelos alunos e demais presentes à assembleia, votaram e deflagram greve geral na Unimep por 48 horas – a contar da meia-noite do dia 8, de segunda para terça -, podendo ser mantida por tempo indeterminado caso a Rede Metodista de Ensino não atenda às reivindicações a ela encaminhadas.
Na pauta dessas reivindicações entregue à Rede Metodista estão: a) a defesa da autonomia universitária, perceptivelmente vilipendiada pela Rede Metodista desde a instalação dela (e que culmina agora, segundos os manifestantes, no sucateamento – até mesmo – de serviços básicos até então sempre oferecidos com qualidade pela instituição). b) Respeito à Convenção Coletiva de Trabalho. c) Abertura de negociações para assinatura do Acordo Coletivo de Trabalho.
Uma vez deflagrada oficialmente a greve nessa segunda-feira, professores, alunos e funcionários esperam que a Rede Metodista de Ensino se posicione o quanto antes sobre a pauta proposta e apresente ações efetivas para o atendimento das questões elencadas. Todavia, os manifestantes entendem que – se até o momento a Rede Metodista pouco ou nada se interessou por ao menos abrir qualquer forma mais efetiva de negociação – há probabilidade de que a greve se estenda por mais de 48 horas.
De acordo com os representantes dos docentes e funcionários, desde a decretação da greve – ocorrida então na segunda-feira, dia 31 de julho – a Adunimep (Associação dos Docentes da Unimep) e o Sinpro (Sindicato dos Professores) buscaram “abrir negociações com a reitoria e com a direção geral do IEP (Instituto Educacional Piracicabano) entidade mantenedora da Universidade. No entanto, após duas reuniões, uma em São Paulo e outra na universidade, a Rede não atendeu às reivindicações.” Uma vez que, segundo eles, nenhuma resposta razoável de negociação foi apresentada, a assembleia para deflagração da greve por professores e funcionários fez-se necessária.
Permanecendo em estado de assembleia permanente, Adunimep, o Sinpro, Associação e sindicato dos funcionários esperam, porém, que os responsáveis pela Rede Metodista chamem finalmente professores, funcionários e alunos para negociar – e que façam o quanto antes uma proposta de mudanças e de reformulação na forma de trabalho a qual professores e funcionários se veem submetidos.
Aula de democracia
Em tempos de autoritarismo e de ataques ao estado democrático e de direito pipocando aqui e ali pelo Brasil, professores, alunos e funcionários da Unimep deram – durante a assembleia – uma aula aberta e grandiosa de democracia.
Coordenados por seus respectivos representantes, que conduziram a mesa dos trabalhos da noite, os presentes puderam fazer valer a sua voz e sua opinião. Ao microfone ou não, mas sempre no mais puro espírito do respeito à palavra do outro, a comunidade unimepiana pode expor suas dúvidas, sua indignação, seus temores, receios e perspectivas em relação ao momento atravessado pela instituição.
As exposições também relembraram as lutas travadas pela universidade ao longo de sua história, e recuperaram a lembrança de outros momentos de crise ao avaliaram os riscos e as necessidades que a deflagração de uma greve pode gerar.
Com força, vigor e muita clareza, a esmagadora maioria entendeu que o amor pela Unimep e o respeito ao lugar de destaque que ela ocupa na sociedade fazem necessária mais essa luta de todos os unimepianos pela preservação dos valores e da autonomia da universidade.
Aulas abertas
Enquanto seguirem os dias de greve, uma série de intervenções acadêmicas está sendo programada por discente e docentes. Dentre essas intervenções, foi proposta a realização de aulas abertas referentes a temas pertinentes a esse momento vivido pela universidade.
Acontece também, na noite desta terça, a assembleia dos estudantes.