As cinco lições de Carlos ABC

As cinco lições de Carlos ABC

Nestes últimos dois anos, indubitavelmente, recebi um grande e incrível presente: narrar a história pessoal, social e artística de nosso Carlos ABC, personalidade única, criativa e amorosa a compor o universo teatral e carnavalesco do interior paulista, expandindo talentos para o Brasil e mundo! Muito mais notórias são as lições que ABC pode nos ensinar: uma estética da vida, uma ética do bem viver! Vamos lá aprender?

A primeira lição refere-se à formação, à nossa construção como humanos, sujeitos sociais e para a história. Todos e todas nós refletimos as relações estabelecidas com a família, com a comunidade, com amigas e amigos, com a arte e com a sociedade. Trata-se de uma espécie de fenomenologia: tomando como ponto de partida a existência, tornamo-nos complexos e peculiares. Estamos nesta vida a partir de muitas interações. ABC é resultado dos afetos familiares, das amizades queridas, da arte que estiliza o cotidiano, das dores e dos prantos que nos ensinam a viver!

A segunda lição diz respeito à composição de um artista multifacetado: com as qualidades diversas e as competências múltiplas. O artista pode ser o universo: teatro, interpretação, carnaval, criação de figurinos e dramaturgia. ABC é este homem, aberto às possibilidades, sua capacidade inventiva não encontra limites ou fronteiras. O mundo é o seu palco!

A terceira lição poder ser identificada na grandeza da leitura emocional e interior de ABC: um artista lançado para a diversidade, os muitos coloridos, as variadas culturas, os povos que nascem da miscigenação, as paixões que surgem de uma postura de tolerância e de reconhecimento das alteridades. O leitor pode antever e sentir com profundidade esta realidade ao acompanhar o trabalho de nosso querido artista, que compilou a tradição caipira, assim como introduziu temas do teatro universal!

A quarta lição sugere compreender a arte como lugar da liberdade e autonomia. ABC tornou-se oficialmente artista no duro período da repressão política na década de 70. Experimentou a censura e recriou estratégias para a resistência. Sua trajetória inspira-nos a entender que não há florescimento sem democracia política e social. A arte opõe-se ao autoritarismo, ao fascismo e à intolerância!

A quinta lição de Carlos ABC orienta-nos a discernir que as bases do processo civilizatório se estruturam no entorno do fazer artístico cultural. Neste ponto, a democratização dos bens culturais pode dar o tom de uma sociedade mais justa, plural e solidária! Não há civilização sem cultura, sem a partilha absoluta desta riqueza!

Convido o leitor a acessar uma ampla e incrível narrativa: conhecer Carlos ABC, homem, dramaturgo, carnavalesco, figurinista, cenógrafo, ator, diretor, artífice da história. Através do livro ABC de Carlos ABC acessamos um conteúdo intenso, contemplamos o nascer e a aurora de nossa humanidade, depuramos o brilho das produções artísticas, o advento de uma civilização, que quer se impor, avolumar-se, tornar-se sábia, criativa, acolhedora e amorosa! Acompanhar a trajetória de Carlos ABC, adentrando na complexidade de sua potência criativa, consiste também em mergulhar na própria história de Piracicaba, cidade que é referência cultural no interior paulista.

 

 

 

 

Maria Teresa Silva Martins de Carvalho é assistente social e escritora.

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