– Olá! Meu nome é Roberto. Tenho 36 anos e sou engenheiro civil.
– Seja bem-vindo, Roberto! Próximo.
– Boa noite! Meu nome é Kátia. Tenho 24 anos e estou no último ano do curso de Direito. Pretendo me especializar na área trabalhista.
– Muito bem, Kátia! Seja bem-vinda! Próximo.
– Oi! Meu nome é Paulo. Tenho 29 anos e sou músico.
– Legal! E qual a sua profissão?
A situação acima é mais comum do que se imagina. Quando o assunto é música, logo se pensa em diversão, alegria, prazer, descontração, relaxamento. É difícil associá-la a algo negativo. Afinal, os gostos podem ser os mais variados possíveis, porém gostar de música é unânime.
Algumas idéias já foram lapidadas e alguns preconceitos eliminados, mas ainda há muito que se fazer em relação a nossa cultura musical. E até mesmo com a artística, de uma forma geral.
O pensamento que ainda ronda é esse: se é música, não é trabalho; e se não é trabalho, não há porquê receber por isso. Ou ainda, já que se faz o que gosta, por que receber por isso? Já não basta ter um lugar para se apresentar e ainda comer e beber “de graça”?
– Eu trabalho! Sou músico! Acordo todos os dias às 7h. Quando levanto às 10h é porque toquei até às 3h do dia anterior. Nas manhãs de segunda, quarta e sexta-feira, pratico meu instrumento por 3 horas e preparo as aulas particulares que darei nos períodos da tarde e da noite. Nas terças e quintas-feiras, leciono em uma escola, das 8h às 21h, com 1 hora e meia de almoço. Nas sextas e sábados à noite, apresento-me em bares para divulgar meu trabalho e complementar minha renda. Aos sábados, pela manhã, ensaio com o trio do qual faço parte.
– E aos domingos?
– Quando “rola um churras” com a galera, faço um som também.
– Próximo!
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Fernanda Rosolem é jornalista e música
Fernanda, me identifiquei muito com seu texto. Não sou formada em Música, mas já trabalhei com música e até pretendo voltar, mas por enquanto, continuo estudando Jornalismo. Já cantei em vários barzinhos da minha cidade e em eventos em geral. Sei muito bem dessa situação chata a qual nós, músicos, somos inseridos. É aquele momento em que dizem que músico não trabalha; música é só um hobby etc.
Gostei muito do seu texto. Curto e verdadeiro! Obrigada por compartilhar esse nosso “desabafo”. Um beijo no coração e muito som na sua vida 😀
É uma grande dificuldade mesmo, Natália! E sei que esse desabafo estava preso na garganta de muita gente. Tentei falar um pouquinho em nome de muitos! Obrigada pelo carinho! Bjs
Muito oportuna a discussão que traz à tona. Sou professora e ainda assim há quem pergunte se não trabalho, apenas dou aulas!
Como sempre uma delícia ler seu texto.
Um abraço.
Como é difícil ouvir esse tipo de pergunta, não é mesmo, Suzane! Obrigada, querida! Abraços