A Solução Final?

A Solução Final?

 

Li no caderno de economia do jornal O Estado de São Paulo, de 29 de março último,  dois autores – um economista e outro advogado – comemorando o fato de a reforma trabalhista recém aprovada, ter atingido seus objetivos, por ter esvaziado os fóruns respectivos, com baixa no número de ações, juízes mais folgados, menos gente nervosa e estressada, menos dispêndios públicos, patrões felizes etc….

Aliás, era apenas a repetição de uma aula minha que venho reiterando há tempos para meus (desconfiados) alunos. Dizia, e digo-lhes que quero ser Ministro da Previdência Social do Brasil, porque tenho a fórmula para vencer o propalado déficit previdenciário.

Enchemos vários e vários navios com velhinhos(as), (dentre os quais me incluo, por sinal), e os afundamos em meio ao oceano, matando a todos. Isto deve sem dúvida aliviar as contas, com a diminuição de aposentados e pensionistas, além de diminuir a pressão sobre o sistema de saúde, notadamente dos planos privados, que, teriam assim, somente pessoas jovens e saudáveis a pagar-lhes aquelas módicas mensalidades, e, com os velhos chatos e doentes extirpados de suas listas de clientes/pacientes.

Afinal, onde já se viu alguém pagar seguro com a audácia e empáfia de querer recebê-lo, né verdade? (A minha aposentadoria como advogado, pelo IPESP, daqui de São Paulo, está sendo mais uma vez “remanejada” (ou seja, sacaneada) pelo Governador Alckmin e seu partido político. (Fofos!).

Pois é, o mesmo se dá assim com a Justiça no Brasil, como aliás, também vimos dizendo há tempos. Modernidade esta que agora, ultrapassa a Justiça Civil, para atingir a Trabalhista. Mataram os direitos dos trabalhadores, e alcançaram o objetivo alcandorado.

Dizem que na Alemanha Nazista, implicada com os judeus, teria se vaticinado aquela “solução final” de simplesmente descartar-se os que povoavam os campos de concentração à custa de muito trabalho e despesa.

Talvez com a direita brasileira elegendo proximamente algum de seus lídimos representantes, nem precisemos de navios, ou de leis que impeçam os pobres de reclamar, na justiça ou fora dela. Simplesmente criam-se câmaras de gás, para lá enviando-se os velhos, os pobres (estes desde que reclamem. Se só trabalharem, podem ficar na favela), e os doentes. Aliás, no Rio de Janeiro hoje, a oportunidade de dar-se início a limpeza étnica-econômica e social, com o exército pertinho, logo ali, das favelas, né verdade?!

Como se vê, muito a comemorar!

Para os coxinhas brasileiros que relutem em reconhecer-se no espelho como algozes nesta lúgubre história de trucidar direitos e pessoas, e que vacilem em comemorar a vil, desumana e acachapante vitória dos avarentos,por eles apoiada e patrocinada, sugiro a leitura de “Réquiem para o Sonho Americano” de autoria do filólogo e filósofo norte-americano, Noam Chomski, especialmente seu Capítulo 5, “Atacar a Solidariedade”. (Editora Bertrand Brasil Ltda, Rio de Janeiro, 2018, pg. 81 a 92).


 

 

 

 

 

Dr. Alexandre A. Gualazzi é professor no Curso de Direito da UNIMEP.

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