Em uma guerra, os pobres são sempre os que mais sofrem. Contra os condenados da terra, os senhores da guerra podem se impor com toda força bélica e violência sem limites, pois não há instâncias internacionais que reivindiquem e façam valer o direito dos pobres. No contexto do oriente médio, historicamente o Povo Palestino sempre esteve em situação de maior vulnerabilidade, lutando pelo direito à autoderminação em seu próprio território.
O que está em curso na Faixa de Gaza nem sequer deveria ser categorizado como guerra, no sentido moderno do termo definido por Rousseau, como o confronto militar entre duas forças de Estado. O que se tem é a força militar descomunal de um Estado neocolonial, ponta de lança do Hegemon que encabeça o Sistema Capitalista Imperialista Norte-atlantista, cuja configuração pós-1991 encontra-se em crise. Estado neocolonial que se lança contra cidades inteiras, tendo como alvo toda população Palestina. Crianças e idosos são, por acaso, combatentes? Homens e mulheres desarmados sob cerco absoluto são, por acaso, combatentes? Mas em Gaza são apresentados pela imprensa burguesa Norte-atlantista, e por suas repetidoras, na periferia capitalista ocidental, como meras baixas de guerra, mortes legitimadas no decurso do conflito militar.
Contra concepções éticas difundidas inclusive pela filosofia burguesa desde o movimento das luzes, que definem condutas legítimas na guerra, e mesmo ao arrepio do direito internacional, a população Palestina, na Faixa de Gaza, tem sido sistematicamente atacada, em um aberto e evidente processo de extermínio generalizado. Não há outro nome, o que está em curso em Gaza é um brutal genocídio, pois o que o governo sionista de Israel almeja é a devastação total, o controle e tomada do território e a incondicional subordinação do Povo Palestino que restar na Faixa de Gaza. No genocídio contra os Palestinos e Gaza, Israel se projeta como Estado acima da lei e do direito internacional.
Em 2 anos de ataques, em um conflito deflagrado em 7 de outubro de 2023, a Faixa de Gaza já conta com a morte de mais de 67 mil Palestinos. O assustador número de pessoas mortas já evidência que o mundo está diante de uma agressão militar neocolonial, de extermínio de todo um povo. Tal violência tão aberta e brutal, só se tornou possível graças à conivência das potências internacionais, notadamente com o apoio político-econômico-militar dos EUA e dos vassalos Estados burgueses europeus.
O Ocidente, mesmo com toda sua pretensa superioridade ética, hipocritamente sustentada na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 10 de dezembro de 1948 – “ironicamente” o mesmo ano da criação, sob o beneplácito da ONU, do Estado burguês sionista de Israel -, segue em silêncio diante deste crime contra a humanidade, sem promover uma intervenção eficaz, capaz de garantir o mínimo de justiça ao povo Palestino. A necropolítica do sionismo que comanda o Estado de Israel desde sua fundação acaba sendo legitimada pela falta de ação das potências ocidentais.
O paradoxo histórico é que agora quem promove o sacrifício (o holocausto para se ter justeza no termo) de todo um povo é aquele que só teve seu direito reconhecido, a partir de 1948, justamente por ter sido ameaçado de extermínio, mediante a solução final do captalismo alemão, sob o nazismo de Adolf Hitler. Mas parece que o mundo, particularmente o Ocidente, já se esqueceu do que a extrema-direita nazifascista é capaz de produzir. Talvez o mundo já não se lembre mais da face do extremo manifestada nos horrores de Auschwitz.
A Flotilha da Liberdade, Sumud – significante árabe que nomeia a disposição inquebrantável do povo Palestino por sua liberdade e autodeterminação política, militar, cultural econômica -, com a missão humanitária de levar suprimentos e medicamentos à Faixa de Gaza, desvela-se como um lampejo de esperança, para uma humanidade decadente e perdida sob a nódoa do capitalismo. Torna-se urgente recuperar o senso moral da humanidade trabalhadora, a partir da afirmação dos direitos humanos dos trabalhadores, respaldado no direito internacional dos povos. Em uma ação internacionalista, a Flotilha da Liberdade é integrada por mais de 40 ativistas de diversas nacionalidades, dentre eles está a vereadora da cidade de Campinas, Mariana Conti, do Psol, que esteve mais recentemente, em diálogo formativo com servidores e estudantes, no campus Piracicaba, do Instituto Federal de São Paulo.
Fundamental reforçar a carta de reivindicações das forças políticas da resistência palestina: a) cessação imediatamente de toda agressão e retirada das forças neocoloniais sionistas de ocupação dos territórios palestinos; b) cessação do cerco à Gaza e à Cisjordânia; c) criação de um corredor humanitário na Faixa de Gaza é o propósito fundamental da missão nobre, solidária e urgente da Flotilha; d) encaminhamento para efetivação do Estado palestino com base nos territórios definidos nas resoluções da ONU, como condição primordial para se iniciar a consolidação política do Povo Palestino em Nação.
O Sindicato Nacional dos(as) Servidores(as) Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), em sua seção São Paulo, manifesta todo apoio à Resistência Popular Palestina! Por uma Palestina livre do Rio ao Mar!
Adelino Francisco de Oliveira e Gustavo dos Santos Cintra Lima são professores no Instituto Federal de São Paulo, campus Piracicaba.
