Trumpinagem!

Trumpinagem!

Não sei se já está “dicionarizado”, mas “trumpinagem” seria o ato de embrulhar, enganar, jogar joio para, sub-repticiamente, levar o trigo, desvirtuar etc.

Tá certo que tal definição da palavra  (que aliás outros talvez prefiram como “trumpilhagem”) é mais afeita aos que desconfiam ou desgostam de Trump, o Donald, aquele tão pilhérico quanto seu homônimo da Disney. No caso do Donaldo Trump, será na verdade tragicômico, porque este mata mesmo – apesar de ser por vezes muito gozado – ao contrário daquele seu animado xará – o do desenho – que só mata de fazer rir.

Seja como for, desvirtuar a democracia e a república também seria uma “trumpinagem”. Vejam só que curioso. Aqui, no Brasil, sempre me disseram que vários líderes que se elegeram presidentes da república não puderam conduzir o país, antes tendo-o levado à beira do caos, porque não tinham lastro político, não eram ancorados e escorados na História,  não tinham uma carreira, e assim, eleitos de “bate pronto”, chegaram à presidência – mas tinham que negociar com um congresso adverso e indigesto. A solução, então, poderia ser um golpe de Estado, com o fechamento do Congresso Nacional, para dar governabilidade. Teria sido o caso da tentativa frustrada de Jânio Quadros, ou do “affaire” de Fernando Collor de Melo, e até de Lula e Dilma, estes últimos, que não tendo base parlamentar suficiente, tiveram que criar mecanismos para governabilidade, o que hoje é mui criticado (mas pelo menos Lula e Dilma não deram nem tentaram golpe algum).

Ora, mas e o Donald então? Quem foi? Coroinha-mor da igreja? Escoteiro-chefe? Presidente do Grêmio Estudantil? Vereador? Secretário? Deputado? Senador? Meu Deus do céu! O sistema americano está mais podre que o Brasileiro. Aqui elegeram um “empresário” ´prefeito de uma cidade, que a despeito de ser a maior da América Latina continua sendo apenas isso. Uma cidade. Agora, ser eleito presidente da mais poderosa nação do globo, sem nenhum lastro político, sem nunca ter sido candidato, eleito ou não, sem nunca ter ocupado qualquer cargo público, não é só uma temeridade para todos os terráqueos (talvez até para os alienígenas, que devem doravante evitar nosso Planeta), mas ainda uma prova eloquente de que há uma falha grotesca no sistema político norte americano, onde um “Enéas”, (lembram? Meu nome é Enéas?), pode se eleger impressionando alguns incautos aqui, embrulhando alguns outros carvoeiros ali, empulhando algumas donas de casa acolá, flertando com alguns militares e industriais de armamentos além e, principalmente, dando um nó na cabeça (ou nos bolsos?) dos delegados do partido republicano (que papelão, hein? Havia outros candidatos republicanos bem mais confiáveis e equilibrados que o Donald).

Não se trata, portanto, de ser só um empresário bem sucedido. Isto, por si só, não credencia ninguém a ser um bom governante.

Enfim a contagem regressiva, até as próximas eleições presidenciais americanas, já começou. Vamos todos rezar, pensamento positivo! Muita fé e figas para que cheguemos até lá sem que Donald faça mais uma grande trapalhada e seus sobrinhos queridos sejam chamados para salvá-lo. No caso do animado personagem da Disney, os três sobrinhos só iriam salvar o tio Donald de alguma picaresca enrascada. No caso do Donald presidente, as três forças armadas americanas levarão muita dor e sofrimento aos demais povos da Terra pelas “trumpinagens”, que, aliás, já começaram. Perceberam?


 

 

 

Alexandre A. Gualazzi é advogado e professor de Direito na UNIMEP

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