Algo mudou na imprensa piracicabana?

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Não citemos nomes nem conjecturemos sobre possíveis causas, mas é fato digno de nota que a mídia piracicabana – especialmente no que diz respeito aos seus jornais impressos – vem mudando de perfil nos últimos meses (ou, seria melhor dizer, no último ano?). Há quase uma década, pouco se via na imprensa da cidade uma quantidade tão grande de matérias relacionadas aos problemas mais pontuais da urbe.

À exceção de um ou outro órgão – daqueles que tradicionalmente sempre procuraram manter um posicionamento mais crítico e menos tendencioso em relação aos fatos políticos e sociais de nossa terra –, a maioria dos jornais impressos costumeiramente sempre fez vistas grossas às questões que envolviam o complexo universo da política piracicabana (mais uma vez, não citemos nomes, mas o leitor certamente saberá identificar quais são eles). Ao passo que, como hoje, nunca se viu tanto na mídia da cidade a exposição diária dos problemas estruturais de nossa Piracicaba. E o leitor piracicabano, atento e assíduo à leitura de jornais, deverá concordar com este editorial.

É claro que o que se espera da imprensa é que ela vigie e denuncie as irregularidades que chegam a seu conhecimento. Da mesma forma, espera-se também que ela consiga por em evidência muito do que positivamente se faz para a melhoria da condição de vida da população. Desta feita, é sempre bom verificarmos e reconhecermos que os jornais impressos de Piracicaba sempre procuraram dar conta dos fatos, agindo com lisura e profissionalismo – levando até os lares piracicabanos notícias e artigos de opinião que, de maneira geral, querem ser entendidos como vozes livres a veicular o que, de fato, importa para o leitor. E, por isso, merecem sempre o nosso cumprimento afetuoso.

No entanto, e dentro desse painel editorial que busca a imparcialidade, não podemos negar que há tempos não se via uma ênfase tão direta na abordagem dos conflitos políticos que emergem (e sempre emergiram) em nossa terra. E, se tal movimento é positivo, a pergunta é: por que ele se intensificou apenas agora? Será que nos últimos anos e em gestões anteriores não havia problemas a serem veementemente abordados? Ou alguma coisa mudou no templo das redações?

“Tudo muda o tempo todo no mundo” – já diria a canção zen-budista. Mas nada muda por acaso – e entender os motivos que promovem certas mudanças é sempre importante para não sermos levados “como uma onda no mar.” Observemos. Se o posicionamento mais crítico de nossos colegas jornalistas em relação à política da cidade se deve a uma nova perspectiva editorial ou a uma nova visada midiática, “muito que bem” (para usarmos uma expressão bem piracicabana)! Que assim continuem a desenvolver com verdade, justiça e, especialmente, imparcialidade o seu trabalho. Mas se despontarem em suas linhas posturas ideológicas que tornam a verdade tendenciosa – como ocorre até mesmo, haja vista, em grandes jornais da capital –, então o leitor precisa ter cuidado e estar atento para separar o joio do trigo.

O jornais devem continuar a nos ajudar a praticar o exercício diário da democracia – estimulando o livre pensar, apontando reflexões e incentivando a crítica por parte do leitor. Dar voz a quem não tem voz, questionar, debater, informar com imparcialidade, opinar com conhecimento e liberdade são práticas que não podem jamais abandonar a ação diária da imprensa.

Por hora, cabe cumprimentar aos nossos matutinos por essa mais acirrada postura crítica – sem deixarmos de reconhecer, à moda bem piracicabana, que uma pulga pula bem atrás de nossas orelhas.

Mas o que nós, aqui do Diário, sabemos de tudo isso? Fiquemos com a nossa pulga. Afinal, somos apenas um editorial eletrônico de cultura.

Um ótimo restinho de semana.

5 thoughts on “Algo mudou na imprensa piracicabana?

  1. Editorial mais que “bem-vindo”!
    A imprensa não pode ser mais um a se render ao processo de que tudo é mercadoria(notícia) e pode ser vendido. Interesses devem ser postos à parte.
    Com certeza “os jornais devem continuar a nos ajudar a praticar o exercício diário da democracia – estimulando o livre pensar, apontando reflexões e incentivando a crítica por parte do leitor. Dar voz a quem não tem voz, questionar, debater, informar com imparcialidade, opinar com conhecimento e liberdade são práticas que não podem jamais abandonar a ação diária da imprensa”. Ah, é bom comentar que sou jornalista!

  2. Não sei quais são as razoes, (até imagino), mas vejo que o resultado é sempre positivo para a população, que ganha um fiscal mais assíduo e atento exercido pelos matutinos. Mas brigar com o poder é difícil, basta ver o valor do transporte publico em Piracicaba, um dos mais caros do país! uma vergonha que mesmo estampada nos jornais continua mantida pelo executivo.

  3. Concorcodo com ao Alexandre, eu mesmo tenho dificuldade de publicar meus artigos quando denuncio os politicos. Não sei onde vamos chegar, de um lado um politico religioso, compra parte de um jornal e virá oposição, do outro lado um outro jornal chapa branca. Graças a esses problemas, estamos tendo que usar as redes sociais, para tirar um filho de vereador, empregado com acessor no Semae.

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